sexta-feira, 9 de abril de 2010

Ilustração

Elementos visuais do cartaz

H. Magalhães 
Ilustração

Representação visual executada por meio de desenho, fotografia ou outra técnica, com o objetivo de complementar e reforçar a mensagem. Em certos cartazes, a ilustração, por sua expressividade, pode constituir-se na própria mensagem.

O desenho e a pintura são produtos resultantes do trabalho dos artistas plásticos, mas são também utilizados em abundância na publicidade. Todavia, é necessário considerar o suporte do cartaz, a inserção da ilustração ao lado de outros elementos, a efemeridade e objetividade da mensagem para diferenciar o trabalho do pintor e o do artista gráfico. As técnicas utilizadas de produção podem ser as mesmas, mas os objetivos e resultados na maioria das vezes são bem distintos.

A fotografia é também uma das artes visuais produzida por artistas e profissionais qualificados. Seu domínio está além da técnica e dos meios mecânicos para realizá-la. Sua expressividade diz respeito à sensibilidade do artista em captar conteúdos simbólicos, representações poéticas e emotivas além do conhecimento de profundidade, composição, luz e sombra.

Na publicidade a fotografia é amplamente utilizada, não mais como um trabalho autoral e subjetivo, mas com a objetividade associada a uma mensagem determinada. A força da fotografia na publicidade está em sua função como ilustração, como impacto visual e como reforço da mensagem.

Na pintura, a subjetividade do artista é, na maioria das vezes, o mais importante para a expressão de seus sentimentos e sua comunicação com o mundo. De modo inverso, nas artes gráficas, e em particular na publicidade, é imperativo que se trabalhe com a simplificação, com a síntese, com a estilização.

Esta aparente redução não significa empobrecimento da representação, mas a facilidade de sua reprodução por qualquer meio. De mesmo modo, a pintura na publicidade tem por objetivo atingir o maior público possível, por meio da objetividade. O dinamismo do dia-a-dia atual exige velocidade na comunicação com mensagens curtas, claras e objetivas. As imagens estilizadas aproximam-se dos símbolos e passam a representar nossos valores culturais.

Velcy Soutier da Rosa, em sua obra Letras & Cartazes, classifica a estilização de dois modos: livre ou primária; e estilização técnica.

A espontaneidade é a principal característica da estilização livre, tomando por base a observação empírica e a sobreposição da expressão sobre a técnica. Um bom exemplo desse tipo de estilização é a arte pictórica popular, baseada na simplicidade da execução. A xilogravura, a arte primitiva ou naif, não se guiam pelos processos técnicos de representação, como a perspectiva; seus artistas criam uma estética própria, ligada ao seu universo pessoal. Sua inspiração é o desenho infantil e as imagens das culturas primitivas, embora apresentem um grau avançado de elaboração.

Já a estilização técnica está mais ligada a um determinado fim, que deverá moldar seu processo de criação baseado no estudo aprofundado de formas e composição. Para efeito de classificação, de acordo com seus objetivos temos:

Estilização artística, que compreende diferentes estilos ou escolas, como a cubista, a surrealista etc. A voltada para a comunicação, ligada essencialmente à publicidade, ao jornalismo e para fins didáticos.



Outras representações da imagem

História em quadrinhos
Também chamada de arte sequencial, as Histórias em Quadrinhos são as narrativas com desenhos ou pinturas, comumente associados a textos. Possuem vários gêneros, como aventura, humor, ficção científica, faroeste etc. São publicadas em forma de revistas, álbuns, livros ou em segmentos diários, nos jornais, sendo chamadas de tiras.

As tiras podem ter temática humorística ou de aventuras. As de aventuras têm as mesmas características físicas da tira humorística, ou seja, apresentam-se em geral em três ou quatro quadros, mas, ao contrário das tiras de humor, possuem uma história aberta, que implica no acompanhamento de sua sequência para sua conclusão. A tira de aventura pode ter vários gêneros, sendo super-heróis e ficção científica os mais comuns.

A História em Quadrinhos é também consagrada como a Nona Arte, expressão atribuída por Francis Lacassin, que publicou em 1971 a obra “Pour um neuvième art, La bande dessinée”[1]. Para entender melhor essa classificação das Belas Artes, recorremos inicialmente à proposta elaborada pelo italiano Ricciotto Canudo, no início do século XX[2], que acrescentou às seis artes clássicas (Arquitetura, Escultura, Pintura, Música, Dança e Poesia) o cinema, como sétima arte. Posteriormente foram acrescentadas outras expressões artísticas, a exemplo da Fotografia (8ª Arte), História em Quadrinhos (9ª Arte), Jogos de Computador e Vídeo (10ª Arte) e Arte Digital (11ª Arte)[3]. Há quem considere a Televisão como a oitava arte, mas não há reconhecimento consensual sobre isto. O posto de 10ª Arte é também reivindicado pelos profissionais dos jogos eletrônicos, da internet e das artes digitais.


Há no mundo várias denominações para as Histórias em Quadrinhos (HQ). No Brasil também podem ser chamadas apenas de Quadrinhos, sendo as publicações conhecidas por “revistas em quadrinhos” ou por “gibi”, esta referente a uma revista de grande sucesso na segunda metade do século XX. Em Portugal são chamadas de Histórias aos Quadradinhos, embora atualmente sejam mais conhecidas como Banda Desenhada (BD), numa adaptação do termo francês Bande Dessinée. Nos Estados Unidos são Comics, Fumetti na Itália, Tebeos na Espanha, Historietas na Argentina, Muñequitos em Cuba, Mangás no Japão, Manhwas na Coréia do Sul e Manhuas na China.


As Histórias em Quadrinhos são também conhecidas como Arte sequencial (Sequential Art), termo criado pelo quadrinista estadunidente Will Eisner para definir “o arranjo de fotos ou imagens e palavras para narrar uma história ou dramatizar uma idéia”. Neste sentido, o Portal: Banda Desenhada considera que uma fotonovela e um infográfico jornalístico também podem ser considerados como uma forma de arte sequencial[4].


Desenhos animados
Podem ser mais apropriadamente chamados de cinema de animação, pois podem prescindir do desenho. Utilizam o desenho, a pintura, ou mesmo objetos tridimensionais (escultura), além de muitas outras técnicas associadas ao movimento. Do mesmo modo que as histórias em quadrinhos, possui diversos gêneros, como aventura, super-herói, ficção científica, infantil e humor.


Ilustração
Muito utilizada na área publicitária, mas também presente em outras mídias: artísticas, literárias e mesmo as eletrônicas; as artes decorativas podem ser geométricas ou figurativas; na moda está voltada para o estilo, o modismo, o figurino. No humor, a ilustração está representa pelas charges, cartuns e caricaturas, mas também tiras de quadrinhos e animação.



Desenho humorístico

Charge
Desenho humorístico de conteúdo político que critica ou ironiza as notícias do quotidiano. Normalmente a charge é feita em um único quadro, podendo apresentar texto ou não. Algumas vezes a charge toma a forma de uma curta história em quadrinhos de dois ou quatro quadros, assemelhando-se à tira. A charge costuma ser colocada na página de opinião do jornal, tornando-se um editorial gráfico.

Cartum
Ilustração com teor humorístico que retrata e critica os costumes, sendo, na maioria das vezes, intemporal. É a piada, o chiste, a galhofa, ou a observação espirituosa e sutil do comportamento humano. Pode servir de ilustração a um texto.

Caricatura
Deformação proposital dos traços mais marcantes de um rosto ou aspecto físico com o intuito de criticar ou enaltecer a personalidade retratada.

História em quadrinhos
As histórias longas, publicadas em revistas e livros, podem ter caráter humorístico, mas encontramos esse gênero particularmente nas tiras, que eventualmente podem ser de aventuras.
A tira humorística conta uma história fechada em três ou quatro quadros, geralmente no sentido horizontal. Faz crítica de costumes ou política, aproximando-se ao mesmo tempo da charge e do cartum.

Desenho animado
Em sua formatação de humor, o desenho animado gera uma grande empatia com o público pelo carisma das personagens, pela linguagem poética e pela quebra dos paradigmas. No desenho animado de humor há normalmente a ruptura da verossimilhança, onde são comuns as explosões e deformações das personagens, gerando o nonsense.
O desenho animado humorístico assemelha-se ao cartum, com sua crítica aos costumes.

Marca
Um dos elementos mais importantes na comunicação visual é a marca, que corresponde à identidade visual de uma empresa ou instituição. Ela pode ser uma representação figurativa, um conjunto de letras, uma estilização geométrica ou um símbolo abstrato. O importante é que seja inteligível e que venha associado ao perfil do que faz representar.

Velcy Soutier classifica assim os vários tipos de representação visual:
Símbolo – sinal gráfico original, podendo representar uma idéia, ser figurativo ou associar letras.
Logotipo – nome escrito de maneira original, com letras comuns ou criativas.
Marca – símbolo ou logotipo ou os dois juntos: a maneira usual de o produto, serviço ou empresa se apresentar graficamente.

É a partir da marca que se desenvolve toda a programação visual da empresa. Dessa forma, a marca deve oferecer ao público uma idéia correta do empreendimento que representa: pode ser leve, agradável, rápido, pesado, fino, sólido, dinâmico, criativo etc.


Referências bibliográficas:

Manual do Cartazista. Rio de Janeiro, SENAC, DN, Divisão de Forma­ção Profissional, 1982.
Rosa, Velcy Soutier da. Letras & Cartazes, 2ª ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1986.


[2] O termo "beaux-arts" apareceu em 1752 na Encyclopédie de Diderot et d'Alembert e designava exclusivamente as quarto artes plásticas, segundo denominação atual: arquitetura, escultura, pintura e gravura. A notar que a Académie des Beaux-Arts comporta hoje sete seções: as quatro “beaux-arts” clássicas, a composição musical, o cinema e o audiovisual e uma seção livre.
Hegel, em seu "Esthétique", classifica as artes segundo uma dupla escala de materialidade decrescente e de expressividade crescente. Ele distingue assim seis artes, nesta ordem: arquitetura, escultura, pintura, música, dança, poesia.
Ricciotto Canudo era um intelectual italiano, instalado na França, amigo de Apollinaire, que fora um dos primeiros críticos de cinema. Ele escrevera um primeiro livro em 1911 que se intitulava “La naissance du sixième art”, no qual ele considerava que o cinema realizava a síntese das “arts de l’espace” (arquitetura, pintura e escultura) e das "arts du temps" (música e dança), ou seja, cinco antes dela.
Contudo – teria ele lido Hegel? – ele acrescentará a poesia como uma arte seminal e escreverá “Le manifeste des 7 arts”, que consagrou a expressão “sétima arte” para o cinema. Em 1922, ele funda a “Gazette dês sept arts”, que é uma das primeiras revistas de cinema. (http://fgimello.free.fr/enseignements/metz/textes_theoriques/canudo.htm), em 05/04/10, tradução do autor.