sexta-feira, 9 de abril de 2010

Ilustração

Elementos visuais do cartaz

H. Magalhães 
Ilustração

Representação visual executada por meio de desenho, fotografia ou outra técnica, com o objetivo de complementar e reforçar a mensagem. Em certos cartazes, a ilustração, por sua expressividade, pode constituir-se na própria mensagem.

O desenho e a pintura são produtos resultantes do trabalho dos artistas plásticos, mas são também utilizados em abundância na publicidade. Todavia, é necessário considerar o suporte do cartaz, a inserção da ilustração ao lado de outros elementos, a efemeridade e objetividade da mensagem para diferenciar o trabalho do pintor e o do artista gráfico. As técnicas utilizadas de produção podem ser as mesmas, mas os objetivos e resultados na maioria das vezes são bem distintos.

A fotografia é também uma das artes visuais produzida por artistas e profissionais qualificados. Seu domínio está além da técnica e dos meios mecânicos para realizá-la. Sua expressividade diz respeito à sensibilidade do artista em captar conteúdos simbólicos, representações poéticas e emotivas além do conhecimento de profundidade, composição, luz e sombra.

Na publicidade a fotografia é amplamente utilizada, não mais como um trabalho autoral e subjetivo, mas com a objetividade associada a uma mensagem determinada. A força da fotografia na publicidade está em sua função como ilustração, como impacto visual e como reforço da mensagem.

Na pintura, a subjetividade do artista é, na maioria das vezes, o mais importante para a expressão de seus sentimentos e sua comunicação com o mundo. De modo inverso, nas artes gráficas, e em particular na publicidade, é imperativo que se trabalhe com a simplificação, com a síntese, com a estilização.

Esta aparente redução não significa empobrecimento da representação, mas a facilidade de sua reprodução por qualquer meio. De mesmo modo, a pintura na publicidade tem por objetivo atingir o maior público possível, por meio da objetividade. O dinamismo do dia-a-dia atual exige velocidade na comunicação com mensagens curtas, claras e objetivas. As imagens estilizadas aproximam-se dos símbolos e passam a representar nossos valores culturais.

Velcy Soutier da Rosa, em sua obra Letras & Cartazes, classifica a estilização de dois modos: livre ou primária; e estilização técnica.

A espontaneidade é a principal característica da estilização livre, tomando por base a observação empírica e a sobreposição da expressão sobre a técnica. Um bom exemplo desse tipo de estilização é a arte pictórica popular, baseada na simplicidade da execução. A xilogravura, a arte primitiva ou naif, não se guiam pelos processos técnicos de representação, como a perspectiva; seus artistas criam uma estética própria, ligada ao seu universo pessoal. Sua inspiração é o desenho infantil e as imagens das culturas primitivas, embora apresentem um grau avançado de elaboração.

Já a estilização técnica está mais ligada a um determinado fim, que deverá moldar seu processo de criação baseado no estudo aprofundado de formas e composição. Para efeito de classificação, de acordo com seus objetivos temos:

Estilização artística, que compreende diferentes estilos ou escolas, como a cubista, a surrealista etc. A voltada para a comunicação, ligada essencialmente à publicidade, ao jornalismo e para fins didáticos.



Outras representações da imagem

História em quadrinhos
Também chamada de arte sequencial, as Histórias em Quadrinhos são as narrativas com desenhos ou pinturas, comumente associados a textos. Possuem vários gêneros, como aventura, humor, ficção científica, faroeste etc. São publicadas em forma de revistas, álbuns, livros ou em segmentos diários, nos jornais, sendo chamadas de tiras.

As tiras podem ter temática humorística ou de aventuras. As de aventuras têm as mesmas características físicas da tira humorística, ou seja, apresentam-se em geral em três ou quatro quadros, mas, ao contrário das tiras de humor, possuem uma história aberta, que implica no acompanhamento de sua sequência para sua conclusão. A tira de aventura pode ter vários gêneros, sendo super-heróis e ficção científica os mais comuns.

A História em Quadrinhos é também consagrada como a Nona Arte, expressão atribuída por Francis Lacassin, que publicou em 1971 a obra “Pour um neuvième art, La bande dessinée”[1]. Para entender melhor essa classificação das Belas Artes, recorremos inicialmente à proposta elaborada pelo italiano Ricciotto Canudo, no início do século XX[2], que acrescentou às seis artes clássicas (Arquitetura, Escultura, Pintura, Música, Dança e Poesia) o cinema, como sétima arte. Posteriormente foram acrescentadas outras expressões artísticas, a exemplo da Fotografia (8ª Arte), História em Quadrinhos (9ª Arte), Jogos de Computador e Vídeo (10ª Arte) e Arte Digital (11ª Arte)[3]. Há quem considere a Televisão como a oitava arte, mas não há reconhecimento consensual sobre isto. O posto de 10ª Arte é também reivindicado pelos profissionais dos jogos eletrônicos, da internet e das artes digitais.


Há no mundo várias denominações para as Histórias em Quadrinhos (HQ). No Brasil também podem ser chamadas apenas de Quadrinhos, sendo as publicações conhecidas por “revistas em quadrinhos” ou por “gibi”, esta referente a uma revista de grande sucesso na segunda metade do século XX. Em Portugal são chamadas de Histórias aos Quadradinhos, embora atualmente sejam mais conhecidas como Banda Desenhada (BD), numa adaptação do termo francês Bande Dessinée. Nos Estados Unidos são Comics, Fumetti na Itália, Tebeos na Espanha, Historietas na Argentina, Muñequitos em Cuba, Mangás no Japão, Manhwas na Coréia do Sul e Manhuas na China.


As Histórias em Quadrinhos são também conhecidas como Arte sequencial (Sequential Art), termo criado pelo quadrinista estadunidente Will Eisner para definir “o arranjo de fotos ou imagens e palavras para narrar uma história ou dramatizar uma idéia”. Neste sentido, o Portal: Banda Desenhada considera que uma fotonovela e um infográfico jornalístico também podem ser considerados como uma forma de arte sequencial[4].


Desenhos animados
Podem ser mais apropriadamente chamados de cinema de animação, pois podem prescindir do desenho. Utilizam o desenho, a pintura, ou mesmo objetos tridimensionais (escultura), além de muitas outras técnicas associadas ao movimento. Do mesmo modo que as histórias em quadrinhos, possui diversos gêneros, como aventura, super-herói, ficção científica, infantil e humor.


Ilustração
Muito utilizada na área publicitária, mas também presente em outras mídias: artísticas, literárias e mesmo as eletrônicas; as artes decorativas podem ser geométricas ou figurativas; na moda está voltada para o estilo, o modismo, o figurino. No humor, a ilustração está representa pelas charges, cartuns e caricaturas, mas também tiras de quadrinhos e animação.



Desenho humorístico

Charge
Desenho humorístico de conteúdo político que critica ou ironiza as notícias do quotidiano. Normalmente a charge é feita em um único quadro, podendo apresentar texto ou não. Algumas vezes a charge toma a forma de uma curta história em quadrinhos de dois ou quatro quadros, assemelhando-se à tira. A charge costuma ser colocada na página de opinião do jornal, tornando-se um editorial gráfico.

Cartum
Ilustração com teor humorístico que retrata e critica os costumes, sendo, na maioria das vezes, intemporal. É a piada, o chiste, a galhofa, ou a observação espirituosa e sutil do comportamento humano. Pode servir de ilustração a um texto.

Caricatura
Deformação proposital dos traços mais marcantes de um rosto ou aspecto físico com o intuito de criticar ou enaltecer a personalidade retratada.

História em quadrinhos
As histórias longas, publicadas em revistas e livros, podem ter caráter humorístico, mas encontramos esse gênero particularmente nas tiras, que eventualmente podem ser de aventuras.
A tira humorística conta uma história fechada em três ou quatro quadros, geralmente no sentido horizontal. Faz crítica de costumes ou política, aproximando-se ao mesmo tempo da charge e do cartum.

Desenho animado
Em sua formatação de humor, o desenho animado gera uma grande empatia com o público pelo carisma das personagens, pela linguagem poética e pela quebra dos paradigmas. No desenho animado de humor há normalmente a ruptura da verossimilhança, onde são comuns as explosões e deformações das personagens, gerando o nonsense.
O desenho animado humorístico assemelha-se ao cartum, com sua crítica aos costumes.

Marca
Um dos elementos mais importantes na comunicação visual é a marca, que corresponde à identidade visual de uma empresa ou instituição. Ela pode ser uma representação figurativa, um conjunto de letras, uma estilização geométrica ou um símbolo abstrato. O importante é que seja inteligível e que venha associado ao perfil do que faz representar.

Velcy Soutier classifica assim os vários tipos de representação visual:
Símbolo – sinal gráfico original, podendo representar uma idéia, ser figurativo ou associar letras.
Logotipo – nome escrito de maneira original, com letras comuns ou criativas.
Marca – símbolo ou logotipo ou os dois juntos: a maneira usual de o produto, serviço ou empresa se apresentar graficamente.

É a partir da marca que se desenvolve toda a programação visual da empresa. Dessa forma, a marca deve oferecer ao público uma idéia correta do empreendimento que representa: pode ser leve, agradável, rápido, pesado, fino, sólido, dinâmico, criativo etc.


Referências bibliográficas:

Manual do Cartazista. Rio de Janeiro, SENAC, DN, Divisão de Forma­ção Profissional, 1982.
Rosa, Velcy Soutier da. Letras & Cartazes, 2ª ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1986.


[2] O termo "beaux-arts" apareceu em 1752 na Encyclopédie de Diderot et d'Alembert e designava exclusivamente as quarto artes plásticas, segundo denominação atual: arquitetura, escultura, pintura e gravura. A notar que a Académie des Beaux-Arts comporta hoje sete seções: as quatro “beaux-arts” clássicas, a composição musical, o cinema e o audiovisual e uma seção livre.
Hegel, em seu "Esthétique", classifica as artes segundo uma dupla escala de materialidade decrescente e de expressividade crescente. Ele distingue assim seis artes, nesta ordem: arquitetura, escultura, pintura, música, dança, poesia.
Ricciotto Canudo era um intelectual italiano, instalado na França, amigo de Apollinaire, que fora um dos primeiros críticos de cinema. Ele escrevera um primeiro livro em 1911 que se intitulava “La naissance du sixième art”, no qual ele considerava que o cinema realizava a síntese das “arts de l’espace” (arquitetura, pintura e escultura) e das "arts du temps" (música e dança), ou seja, cinco antes dela.
Contudo – teria ele lido Hegel? – ele acrescentará a poesia como uma arte seminal e escreverá “Le manifeste des 7 arts”, que consagrou a expressão “sétima arte” para o cinema. Em 1922, ele funda a “Gazette dês sept arts”, que é uma das primeiras revistas de cinema. (http://fgimello.free.fr/enseignements/metz/textes_theoriques/canudo.htm), em 05/04/10, tradução do autor.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Laboratório de Pequenos Meios - ementa

Ementa

Recursos da língua aplicados às diferentes linguagens de produção jornalística em pequenos meios; características e funcionamentos dos estilos direto, indireto e livre aplicados nos discursos jornalísticos nos pequenos meios; funções da linguagem aplicadas aos discursos jornalísticos nos pequenos meios; as propriedades e leis específicas dos pequenos meios e sua repercussão na concepção do trabalho de edição; a edição como método e enquanto processo; formulação de políticas editoriais em pequenos meios; edição e demanda dirigida; edição enquanto pesquisa experimental; os pequenos meios e o público; a influência das novas tecnologias gráficas, auditivas e visuais para atividade de edição de pequenos meios; redimensionamento da noção de público gerando pequenos meios como novas estratégias e novos modos de comunicação.

Objetivos

Conhecer várias técnicas de expressão utilizando os recursos das artes gráficas.
Desenvolver projetos editoriais que visem uma comunicação direta com o público.
Possibilitar o domínio de todo o processo de editoração: redação, composição, diagramação, arte-final, montagem e apresentação das publicações.

Programa

Edição de postais e folder de difusão cultural, institucionais ou educativos.
Edição de jornal mural periódico.
Edição de brochura: revista, agenda, almanaque, fanzine, cartilha ou boletim.


Metodologia

Os projetos editoriais serão realizados pelos alunos utilizando-se quaisquer processos, dos métodos artesanais aos recursos de informática.
Impressão em fotocopiadoras ou impressoras lazer.
Os projetos serão realizados individualmente ou em grupos organizados na disciplina, podendo estabelecer parcerias com associações, grupos comunitários ou entidades e organismos não-governamentais.

Avaliação

Participação em sala de aula e exercícios.
Produção editorial.


Referências bibliográficas

CALLADO, Ana Arruda e ESTRADA, Maria Ignez Duque.
Como se faz um jornal comunitário. Coleção Fazer, n° 16. Petrópolis, RJ: Vozes, 1985.
CHINEN, Nobu (org).
Curso completo Design Gráfico. São Paulo: Editora Escala, 2009.
COLLARO, Antonio Celso.
Projeto gráfico: teoria e prática da diagramação. Novas buscas em comunicação, v. 20. São Paulo: Summus, 1987.
EISNER, Will.
Narrativas gráficas. São Paulo: Devir, 2005.
GUIMARÃES, Edgard.
Fanzine. Coleção Quiosque nº 2, 3ª ed. João Pessoa: Marca de Fantasia, 2005.
MAGALHÃES, Henrique.
O que é fanzine. Coleção Primeiros Passos n° 283. São Paulo: Brasiliense, 1993.
MAGALHÃES, Henrique e ALBUQUERQUE, Sandra Maria C. de.
A saga arrebatadora de Se Toque. João Pessoa: Marca de Fantasia, 1997.
MAGALHÃES, Henrique.
O rebuliço apaixonante dos fanzines. João Pessoa: Marca de Fantasia, 2003.
MAGALHÃES, Henrique.
A nova onda dos fanzines. João Pessoa: Marca de Fantasia, 2004.
MAGALHÃES, Henrique.
A mutação radical dos fanzines. João Pessoa: Marca de Fantasia, 2005.
Manual de Jornalismo Popular. São Paulo: PUC, 1988.
Manual do Cartazista. Rio de Janeiro: Senac, 1982.
MARAT, Marcelo.
A palavra em ação: a arte de escrever roteiros para histórias em quadrinhos. 3ª ed. João Pessoa: Marca de Fantasia, 2006.
NICOLAU, Marcos (org.).
Manual de Publicidade & Propaganda. Volume I: Linguagem & mídia. João Pessoa: Idéia, 2000.
RAMOS, Paulo.
A leitura dos quadrinhos. São Paulo: Contexto, 2009.
SILVA, Rafael Souza.
Diagramação: o planejamento visual gráfico na comunicação impressa. Novas buscas em comunicação, v. 7. São Paulo: Summus, 1985.
SILVEIRA, Norberto.
Introdução às artes gráficas. Porto Alegre: Sulina/ARI, 1985.
SOUTIER, Velcy.
Letras & Cartazes, série Artes n° 8. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1986.

Outras referências afins

ALCURE, Lenira; FERRAZ, Maria N. S.; CARNEIRO, Rosane.
Comunicação verbal e não-verbal. Rio de Janeiro: Senac, 1996.
BELTRÃO, Luiz.
Folkcomunicação: a comunicação dos marginalizados. São Paulo: Cortez, 1980.
BOMFIM, Gustavo Amarante.
Idéias e formas na história do design: uma investigação estética. João Pessoa: Editora Universitária UFPB, 1998.
FARINA, Modesto. Psicodinâmica das cores em publicidade. São Paulo: Edgard Blücher, Ed. da Universidade de São Paulo, 1975.
KNAPP, Wolfgang.
O que é editora. São Paulo: Brasiliense, 1986.
MALANGA, Eugênio.
Publicidade: uma introdução. São Paulo: Atlas, 1979.
MOLES, Abraham.
O Cartaz. São Paulo: Perspectiva, 1974.
NICOLAU, Marcos.
Curso de criação e personalização de Marcas. João Pessoa: Idéia, 2000.
NICOLAU, Marcos.
Dezcaminhos para a criatividade. João Pessoa: Idéia, 1998.
Novo Manual da Redação. São Paulo: Folha de S. Paulo, 1992.
POLARY, Márcia e CÂMARA, Mônica.
Outdoor. João Pessoa: Editora Universitária, 1995.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Pequenos Meios - definição


1. Definição


Os Pequenos Meios podem dar a entender tratar-se de uma comunicação de alcance limitado ou sem importância, no entanto, este tipo de processo comunicativo, por suas características e estratégias, é justamente o inverso. Com mais propriedade, os Pequenos Meios podem ser denominados de Comunicação Dirigida, Comunicação Institucional e Comunicação Comunitária, e são empregados de modo tão eficaz por profissionais de Jornalismo, Publicidade e de Relações Públicas.

Cabe aos Pequenos Meios um espaço próprio de atuação por apresentar características particulares e atingir de forma oportuna e objetiva a excelência na comunicação com seu público. Em muitas campanhas educativas ou publicitárias, os Pequenos Meios são utilizados como complemento aos Meios de Comunicação de Massa. De acordo com seus objetivos e pertinência, chegam, por vezes, a substituir os meios massivos, atingindo com mais precisão o público a que se destinam.

Os suportes utilizados pelos Pequenos Meios podem ser os mesmos que os de difusão em larga escala. O que os diferencia são a maneira como são empregados e seus objetivos. Caracterizam os Pequenos Meios a forma de produção coletiva, o público dirigido, a linguagem apropriada, a interação com o público e o engajamento social.

Forma de produção

Quase sempre os Pequenos Meios são produzidos por pequenos grupos, o que facilita a participação efetiva de seus membros. Nos meios empresariais, próprios aos grandes meios, existe uma hierarquia clara e rígida, com chefias e subchefias, diretorias e funções específicas para cada sujeito dentro da estrutura organizacional e produtiva. Essa divisão gera a alienação do trabalho, onde cada membro conhece apenas uma parte do produto acabado, sem o domínio completo sobre o processo produtivo.

Como nos meios massivos, nos Pequenos Meios a distribuição racional de funções é feita de acordo com a habilidade de cada um, no entanto, neste o poder de decisão é partilhado por todos. Isto possibilita maior interação do grupo, mais dinamismo e mesmo alternância de funções. Esta mobilidade faz com que cada membro conheça todas as etapas de produção, adquirindo uma visão geral sobre o meio de comunicação utilizado.

Público dirigido

O conhecimento do público é fundamental para a produção dos Pequenos Meios. Ao contrário dos processos industriais, cujo universo a ser atingido é amplo, de certa forma difuso e de difícil apreensão, nos Pequenos Meios o público é dirigido, restrito a uma comunidade, determinado por objetivos e interesses comuns.

O público dos Pequenos Meios pode ser formado pelos clientes de uma empresa, por associados de um clube de cultura e lazer, por simpatizantes de grupos políticos e organizações não governamentais, por funcionários de órgãos oficiais ou mesmo por aficionados e fãs-clubes.

Linguagem

Para o estabelecimento da comunicação direta, que atinja da melhor forma seu objetivo, a familiaridade com o público é imprescindível. Para isto, faz-se necessário a utilização de uma linguagem comum, própria da comunidade a que o veículo se dirige. Esta linguagem pode caracterizar-se pelo uso de jargões de campos profissionais, pelo universo particular da gíria, pelo modo próprio de expressão da comunidade em vista.

O domínio da linguagem empregada dá-se pela interação dos produtores dos Pequenos Meios com o público. Salvo quando são produzidos por empresa de comunicação, os produtores comumente pertencem à própria comunidade.

Relacionamento

Uma das principais funções dos Pequenos Meios é a troca de informações, onde a participação efetiva do público garante a horizontalidade da comunicação. Não deve haver por parte dos produtores imposição de conteúdo ou barreiras para interação com o público. Quanto maior a interação entre produtores e o público mais eficaz será a comunicação. É importante buscar na audiência a participação por meio de opinião, colaboração, crítica e na própria produção dos Pequenos Meios.

Um bom exemplo da participação do público se dá nas rádios comunitárias, seja pelo envio de e-mails, seja pela utilização de chamadas telefônicas muitas vezes com emissão ao vivo. O público participa, também, por meio de representação de entidades comunitárias que formam, o conselho de programação do veículo.

Engajamento social

O objetivo dos Pequenos Meios é difundir informações e promover a integração do grupo e da comunidade por meio da comunicação. Dessa forma, os Pequenos Meios não têm por objetivo o lucro no sentido pretendido pelos veículos comerciais. Quando realizados por amadores, são produções auto-sustentáveis, que contam com o compromisso do público para sua manutenção. Se produzidos por empresas ou associações, têm como objetivo oferecer um canal de comunicação e a harmonização com o público.

Para a garantia de sua independência os Pequenos Meios não utilizam, ou procuram fazê-lo com critério, as fontes de recursos comerciais empregados nos meios de comunicação de massa, como a publicidade. Em muitos casos, os Pequenos Meios são mantidos por grupos independentes, organizações não governamentais, instituições oficiais ou empresas, que destinam recursos de seu orçamento para sua produção.

2. Veículos

Os Pequenos Meios não se restringem aos processos artesanais e rudimentares de comunicação. Dependendo do veículo utilizado, do orçamento disponível e dos objetivos programados, os Pequenos Meios podem ser produzidos com instrumentos simples ou com os mais avançados recursos tecnológicos, desde que orientados para seus princípios.

Pode-se utilizar para a produção dos Pequenos Meios desde o mimeógrafo até o computador, este servindo tanto para a produção de base, como textos e ilustrações, quanto para a veiculação de mensagens, com conexão em redes.

Temos Pequenos Meios nos meios eletrônicos e nas telecomunicações com os blogs, sítios e mensagens circulares na internet, as rádios e TV livres ou comunitárias; como impressos, nos mais diversos formatos, do livro de autor ao jornal da associação de bairro, do boletim de empresa ao panfleto de partido político, além de folhetos, revistas, fanzines, jornais murais, manuais, folders, cartões postais, volantes, fanzines, cordéis e toda sorte de publicações independentes e amadoras.

Mesmo os painéis de rua, mais apropriados para campanhas publicitárias de massa, podem servir aos Pequenos Meios quando feitos em peça única ou em pequenas tiragens por métodos artesanais. Neste caso, eles são produzidos para um público dirigido, com mensagens voltadas ao interesse de determinada comunidade. Incluem-se nesse caso os murais e grafites como expressão artística e de comunicação.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Como produzir um fanzine


Página em quadrinhos de Laerte, publicada na revista Piratas do Tietê nº 9. São Paulo: Circo/Sampa, maio de 1991, p.20.

Fanzine

Definição


Fanzine é a contração das palavras inglesas fanatic e magazine, em português, magazine do fã, ou revista do fã. É uma publicação amadora, sem fins lucrativos, em geral de pequena tiragem impressa em fotocópia ou impressão a laser. É editado e produzido por indivíduos, grupos ou fãs-clubes de determinada arte, podendo estender-se a personagens, personalidades, passatempos ou gênero de expressão artística, para um público dirigido.

A característica principal do fanzine é de ser uma publicação reflexiva, crítica, analítica, no entanto, há quem considere como fanzine qualquer publicação independente, que circule fora do mercado editorial. Para a difusão e venda, o fanzine pode ser encontrado em livrarias ou bancas especializadas, ou circular pela via postal.

Como publicação, o fanzine diferencia-se da revista independente e do boletim. A revista veicula a produção artística, sem se deter em análises de conteúdo ou priorizar matérias textuais. O boletim é o veículo de grupos políticos, de militantes, de entidades de classe, empresas, associações, ONG etc.



Elementos dos fanzines


O editor

A primeira idéia que se tem ao folhear um fanzine é que, pela simplicidade, sua produção está acessível a qualquer um, bastando para isso ter interesse e disposição, ser fanático por alguma arte ou dispor de uma coleção de gibis. Na verdade é isso mesmo: o processo de produção de um fanzine depende só da boa vontade de quem o faz. Mas, se aparentemente é muito fácil fazer um fanzine, a realização de um bom fanzine exige muita dedicação e uma razoável compreensão do processo editorial, que envolve várias etapas, desde a coleta do material até a encadernação e distribuição.

Por ser um trabalho de caráter pessoal, o editor de fanzine ou de qualquer publicação independente acaba por dominar todas as etapas de produção: redigir ou escolher os artigos, selecionar as ilustrações, digitar, diagramar, imprimir, intercalar, grampear, divulgar, distribuir e vender. Quando o fanzine resulta de um trabalho de grupo, em geral não se tem uma clara divisão de tarefas, como numa empresa editorial. De certo modo, cada membro do grupo domina todas as fases da produção. E aqui não falamos dos pequenos folhetos ou boletins, que acabam sendo a maior parte dessas publicações, mas dos fanzines que procuram nivelar-se em qualidade gráfica às revistas especializadas.


Expediente

Mesmo sendo publicações amadoras e de circulação limitada, algumas referências são imprescindíveis à edição dos fanzines, como a qualquer revista do mercado. No expediente deve constar o nome dos responsáveis, o número, a data, o endereço, os colaboradores. Pode-se acrescentar ainda o tipo de impressão e o número de exemplares. Esses dados, além de enriquecer o fanzine em nível de informação, são essenciais para quem estuda o desenvolvimento dessas publicações. "Quer os seus responsáveis tenham consciência ou não, cada fanzine que sai é um documento e, como tal, convém personalizar as características que o revestem" (In Clubedelho n° 18. Portimão, Portugal: abril de 1990, p. 7.).


Escolha do tema

O primeiro passo para se fazer um fanzine é escolher o assunto que se quer abordar: música, quadrinhos, cinema, ficção científica etc. Dentro de um tema escolhido é necessário também definir o enfoque que se vai trabalhar. Como o fanzine é um trabalho feito por paixão, cujo interesse é a troca de informações e o enriquecimento do universo em estudo, é importante escolher um gênero pelo qual se tenha verdadeira motivação, de modo que não seja um sacrifício o tempo e o dinheiro empregado em sua elaboração.

Ter domínio do assunto e acesso às informações é fundamental. Se o gênero que se vai trabalhar é nostalgia dos quadrinhos, uma boa coleção de revistas é imprescindível. Em geral, os que se dedicam a esse gênero são os leitores que viveram a época enfocada, dando aos fanzines o tom emocional que os tem caracterizado. Os jovens editores, em sua maioria, procuram divulgar os quadrinhos da atualidade, publicando trabalhos de novos autores e fazendo a avaliação das publicações do mercado e de outras publicações independentes.


O público

A relação com o público se dá por meio da seção de cartas e da troca e venda de fanzines. Boa parte do público é composta pelos editores de outros fanzines. Quem edita um fanzine costuma se manter informado sobre outras publicações congêneres, seja independentes ou comerciais. Alguns editores trocam fanzines entre si, mas esta prática tem se verificado cada vez menos devido à desigualdade e à irregularidade das publicações.

Muitas vezes o leitor é também colaborador do fanzine, enviando material para ser publicado, como artigos ou quadrinhos, poesias, contos, portfólios e ilustrações. As colaborações são gratuitas, visto que os fanzines não têm fins lucrativos e são um espaço para a divulgação de artistas amadores. Para o público é importante saber que pode participar da edição do fanzine e é essa inserção que dá vida à publicação. O envio de cartas e todo tipo de colaborações é sempre estimulado.

O público é, realmente, um elemento essencial na produção do fanzine. Para Edgard Guimarães, "esses leitores é que mantêm o ânimo dos editores para continuarem suas revistas. São uma parcela mínima da população, que valorizam os quadrinhos, especialmente os nacionais, e que, normalmente, são generosos nas apreciações que fazem de nosso trabalho" (Edgard Guimarães, in Psiu n° 2. Brasópolis, MG: agosto de 1985, p. 57.).

A seção de cartas dos fanzines é também o espaço de comunicação do público entre si, onde as divergências de opiniões por vezes geram polêmicas acirradas que duram várias edições, como ocorre no fanzine QI, de Edgard Guimarães, de Brasópolis, Minas Gerais. Este debate é muito estimulante para o fanzine e para os leitores.


Formato

A maioria dos fanzines tem seu formato condicionado ao pro¬cesso de impressão. Como é comum se usar fotocópias, os fanzines mantêm o formato ofício (21,6x33cm) ou meio-ofício (16,5x 21,6cm), com a folha dobrada ao meio, ou ainda o formato A4 (21x29,7cm) e A5, que é o A4 dobrado ao meio. Os fanzines podem ter o sentido vertical, que é o mais comum, ou horizontal. O horizontal é muito raro, tendo como melhor exemplo o fanzine Historieta, de Oscar Kern, de Porto Alegre. Alguns fanzines não apresentam formato fixo, variando a cada edição, cujo exemplo mais marcante é O Pica-Pau, de Armando Sgarbi, do Rio de Janeiro.

A discussão em relação ao formato deu-se inicialmente pelas editoras comerciais, que por décadas tiveram a maior parte de suas publicações no questionado formatinho (13,5x19cm), o que trazia grande prejuízo à apresentação dos quadrinhos de aventuras, ricos em detalhes. Para os fanzines há quem defenda o formato meio-ofício pelo alinhamento que o grampo, colocado no meio da folha, dá à publicação e pela facilidade de guardá-los. Mas a principal razão alegada é a econômica.

César Ricardo dá a receita: "produz-se as matrizes no tamanho ofício, faz-se a redução das páginas inteiras, monta-se duas a duas de acordo com a paginação e xeroca-se normalmente; o custo de pré-produção sobe, mas o da cópia cai à metade. Se a tiragem for alta, vale a pena e não se perde texto. Se for baixa, fica o mesmo preço" (Cesar Ricardo Tomaz da SILVA. In Opinião n° 5. Porto Alegre: junho/julho de 1988, p. 11.).


Volume

É comum o fanzine não ter número de páginas definido. O mesmo depende da quantidade de material disponível, do tema abordado, do tempo livre do editor e do custo de produção. Alguns procuram fixar um número de páginas, mas não raro extrapolam ou reduzem a cota estabelecida. Há casos em que são publicados verdadeiros almanaques até com mais de cem páginas, enquanto outros não ultrapassam uma ou duas páginas. Em geral os fanzines não passam de 24 páginas.


Periodicidade

Mesmo que todos reconheçam que a periodicidade é um elemento importante para a manutenção do público, é comum que ela não seja cumprida. Com exceção dos fanzines de nostalgia, que se mantêm com uma regularidade admirável, os demais atrasam meses, ou anos, dando a impressão que deixaram de existir. Isso prejudica a continuidade editorial do fanzine. Cada nova edição acaba sendo um recomeço, em vez de uma evolução. Os que saem periodicamente costumam ser lançados três ou quatro vezes ao ano, espaço de tempo suficiente para a elaboração de uma nova edição.

A falta de periodicidade não deve ser creditada ao relaxamento ou desinteresse do editor. Como o fanzine é uma atividade diletante, ela está sempre encaixada nos espaços de tempo entre as atividades profissionais. A falta de recursos também pode ser um fator determinante para o adiamento de uma nova edição do fanzine.


Tiragem

A tiragem do fanzine tem relação direta com o tamanho de seu público, que pode ir de alguns leitores a uma centena, ou mais. Houve, contudo, fanzines que alcançaram tiragens bem maiores: Historieta chegou a sair com 2 mil exemplares; Notícias dos Quadrinhos, de Ofeliano de Almeida, do Rio de Janeiro, começou com 3 mil exemplares e caiu para mil; Quadrix, de Worney Almeida de Souza, de São Paulo, aumentou progressivamente sua tiragem - começou com duzentos e chegou a 450 exemplares (Worney Almeida de Souza, "Os bastidores dos fanzines", entre¬vista a Henrique MAGALHÃES. In Marca de Fantasia n° 3. São Paulo/Paraíba: dezembro de 1985, p.11-18.).

Valdir Dâmaso, editor de Jornal da Gibizada, afirma que um fanzine pode ter apenas um exemplar, simplesmente para o deleite de seu criador e para a satisfação de mostrar aos amigos (Valdir Dâmaso, entrevista a Marco Müller, in Mutação n° 8. São José do Norte, RS, janeiro de 1988, p.42, 43.). Para o colecionador Fábio Santoro, o editor de uma publicação independente pode ou não aspirar alto: "Fazer a sua mensagem chegar às mãos dos poucos interessados por mero idealismo, necessidade de dar sua parcela de contribuição ou vaidade pura; outros desejam crescer, batalhar pela tiragem cada vez maior junto ao público, obter uma crescente penetração, rumo à popularidade" (Fábio Santoro, "Panorama atual das publicações brasileiras independentes", in Jornal da Gibizada n° 14. Maceió: novembro/dezembro de 1986, p.3-7.).

A tiragem do fanzine vai depender da pretensão do editor em relação ao seu produto.


Referência

MAGALHÃES, Henrique. O rebuliço apaixonante dos fanzines. João Pessoa: Marca de Fantasia, 2003.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Jornal mural

Ágil e breve, o jornal mural ocupa um espaço privilegiado entre os veículos de comunicação. Suas mensagens são sucintas, dirigidas a um público selecionado. Sempre afixado em locais estratégicos, atinge de forma eficaz o público a quem se destina. Comumente, não é necessário mais que um exemplar do jornal para alcançar seu objetivo, ou alguns poucos exemplares, sendo seu custo/benefício compensador por seu alcance, praticidade e economia.

Os principais elementos que compõem o jornal mural são texto, ilustração e cor. A diagramação tem papel importante para atração do público e se caracteriza pela combinação harmoniosa e planejada desses elementos.

TEXTO - Toda matéria escrita, o que inclui notícias, legendas, vinhetas e o título do jornal, além dos títulos principais e secundários das notícias, dos subtítulos, olhos ou rubricas, janelas, expediente e créditos.

O grande desafio do jornal mural é oferecer o maior número de informação no menor espaço físico. Para isto, os textos devem ser objetivos e curtos, mas sem prescindir do conteúdo. Para nosso projeto editorial, o texto original deve ter no máximo 10 linhas corridas, em lauda no formato A4, fonte Times New Roman, corpo 12. Cada texto deve ser acompanhado de uma ilustração.

Quando o texto original não puder se limitar ao tamanho estabelecido, por absoluta necessidade de se preservar as informações e manter a coerência da notícia, pode-se utilizar o recurso do intertítulo, desmembrando a matéria em dois ou mais segmentos, em duas ou mais notícias conjugadas. Desse modo, visualmente teremos vários blocos de textos ilustrados, favorecendo o aspecto visual do jornal.

O texto deve falar diretamente ao leitor, o que implica num tratamento informal da matéria. Para isto é necessário conhecer as características do público, bem como sua linguagem.

Colunas fixas podem ser criadas, com breves informações sobre um mesmo tema, a exemplo de Acontece, Em tempo, Bate/rebate. Isto possibilita o contraste de informações e diversidade de fontes.

ILUSTRAÇÃO – Constitui-se em toda sorte de imagens: fotos, charges, quadrinhos, desenhos, colagens etc e manchas gráficas (formadas pelo conjunto visual dos textos), por grafismos diversos (frisos, molduras, retículas, ornamentos) e vinhetas.

COR – A possibilidade do uso de cores no jornal mural aumenta enormemente seu poder de atração. No entanto, é preciso utilizar esse recurso com parcimônia para se ter um resultado sóbrio e eficaz. Apesar de hoje se utilizar com freqüência os fundos coloridos, marcas d’água ou papéis de parede, os espaços em branco continuam sendo um fator importante para dar leveza e legibilidade ao jornal.

DIAGRAMAÇÃO - Disposição de textos e imagens na página impressa de forma dinâmica e harmoniosa. É importante que se tenha uma tipologia adequada e padronizada, ritmo na disposição das mensagens e que as imagens sejam mais significativas que ilustrativas.

OUTROS ELEMENTOS

Localização – O jornal mural deve ser afixado numa parede ou quadro de avisos em local de afluência do público, de modo que seja visto de forma clara. Os melhores locais são os de freqüência habitual do público, como cantina, balcão de informação, ou área convivência ou lazer.
O tamanho reduzido (para nosso projeto, 2 folhas impressas no formato A3 cada) e a localização adequada fazem com que o jornal mural apresente características próprias, diferenciando-se do jornal impresso convencional. O aspecto gráfico passa a ser preponderante por sua força de atração. Os títulos curtos e sugestivos devem também despertar o interesse do público.

Situação de leitura - Por estar afixado num suporte vertical, sua leitura deverá ser sempre breve, o que implica na concisão das matérias. É bom lembrar que o leitor observará o jornal mural em pé, situação não muito confortável, e que ele em geral não dispõe de muito tempo para leitura.

Público informado - O jornal mural é feito para um público dirigido, ligado por interesses comuns. Dessa forma, presume-se que o público esteja de alguma forma informado ou ciente dos temas abordados.

Novas informações - A função do jornal mural é apresentar novas informações, trazer matérias que enriqueçam o universo cognitivo do leitor. O jornal será lido e despertará interesse na medida em que acrescentar elementos aos temas de interesse do público, podendo reforçar ou se contrapor aos conceitos estabelecidos.

Linguagem atraente – Antes de tudo, o jornal mural deve falar a linguagem de seu público, conhecer seus jargões e as especificidades de seu universo de informação. Apesar de sua informalidade, o jornal mural deve ser editado com seriedade. Isso não implica em uma linguagem sisuda; ao contrário, o jornal mural deve primar por uma linguagem leve, sem complicação e, quando possível, bem-humorada.

Impacto visual - A programação visual do jornal mural é também elemento imprescindível para sua leitura, que deve provocar impacto e atração imediatos. Um fator de impacto pode ser um título de notícia criativo, uma ilustração provocante, ou ainda uma cor.
Deve-se contar que o jornal mural, como um pôster ou um cartaz, primeiramente atrairá a atenção do leitor por seu impacto visual, para só num segundo momento ser lido.

Tipologia adequada – As famílias de tipos devem ser escolhidas de modo a facilitar a leitura e não provocar confusão ou estranhamento. O uso indiscriminado e extravagante de vários tipos quebra a harmonia da composição do jornal mural.

O corpo do texto e os títulos devem obedecer a uma hierarquia de importância com o fim de proporcionar uma leitura precisa e funcional. Dessa forma, o corpo do título será sempre maior que o do subtítulo, dos intertítulos e do corpo do texto. O corpo do texto e o espacejamento das linhas devem ser adequados, de acordo com a largura da coluna.

Periodicidade – Para a fidelidade do público, a periodicidade é um fator indispensável a qualquer publicação. Como o jornal mural é lido rapidamente e o público busca sempre novas informações, ele pode ser editado com periodicidade quinzenal ou, de preferência, semanal.

Interatividade - O jornal mural deve ser um veículo de interação e também de expressão dos leitores. Uma caixa para sugestões ou críticas pode ser colocada próximo ao jornal mural. A participação dos leitores deve ser incentivada por meio do contato direto, por telefone, carta ou correio eletrônico.

Atividades programadas

Exercício de texto
A partir de uma matéria jornalística dada, fazer um resumo com no máximo cinco linhas.

Projeto de jornal mural
1. Sujeito
2. Objetivos
3. Justificativa
4. Temas afins
5. Fontes
6. Metodologia
7. Periodicidade
8. Suporte

Cronograma de trabalho
1a semana - pauta e redação
2a semana – diagramação, composição, montagem e ampliação


Expediente:
Nome. Número. Local e data. Origem. Produção. Edição. Orientação. Contato.

Exemplo:
Tam! Tam!
Nº 1. João Pessoa, julho de 2008
Jornal do Curso de Comunicação Social da UFPB
Produzido na disciplina Laboratório de Pequenos Meios
Edição: equipe de realização
Orientação: Prof. Henrique Magalhães
E-mail: midiautoral@gmail.com

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Folder

Definição

O folder se caracteriza pela excepcional praticidade formal e capacidade informativa, o que o torna um dos mais eficientes veículos de comunicação. Congressos, seminários, convenções ou qualquer outro tipo de evento encontra no folder a peça fundamental de divulgação e registro de seus conteúdos programáticos. Com linguagem direta e leitura rápida, preferencialmente ilustrado, o folder seduz por trazer informações objetivas e apresentação gráfica criativa.

A promoção institucional, empresarial ou associativa tem no folder um importante instrumento de difusão de seus princípios e objetivos. Dele fazem uso empresas privadas e públicas, além de associações e organizações não governamentais.

São próprias e indissociáveis do folder as dobraduras e a linguagem textual esquemática. O folder constitui-se em uma folha de papel impressa nos dois lados, dividida em páginas ou seções por intermédio unicamente de dobras.

Para adequar-se à objetividade que lhe rege, o folder é um veículo essencialmente informativo podendo classificar-se em pelo menos quatro gêneros:

1. Promocional
Próprio para a promoção de eventos, a exemplo de congressos, exposições, palestra, conferências, debates, seminários etc.

2. Educativo
Faz campanhas de massificação de idéias e conscientização, produzido na maioria das vezes por instituições oficiais. Também pode servir para a difusão de idéias associativas, como campanhas sindicais ou de organizações não governamentais.
Ex: campanhas de prevenção às DST, educação de idosos, campanhas de vacinação, de meio ambiente etc.

3. Institucional ou corporativo
Promove, informa, esclarece o perfil de uma instituição ou empresa. Apresenta os objetivos de determinado grupo, tornando-os públicos.
Ex: descrição das atividades de grupos feministas, equipamentos de um colégio ou empresa médica, funções de órgãos do governo, de ONG etc.

4. Comercial
Estimula o consumo, oferece um produto, descreve suas vantagens, investe na informação com vistas à ampliação mercadológica.
Ex: apresentação de um plano de saúde, projeto imobiliário, serviços bancários etc.


Características

Comunicação dirigida
A produção de um folder visa um público dirigido, ligado por interesses comuns. Sua concepção deve, portanto, considerar o universo cultural do grupo e os elementos próprios de sua linguagem. Mas há casos em que o folder pode atingir um público diversificado, a exemplo das peças comerciais, de campanhas educativas e promocionais amplas.

Formatação do texto
O espaço exíguo exige concisão; as informações devem se guiar pela objetividade.
Apresenta informações novas e relevantes para o público a que se dirige.
Texto dividido em módulos esquemáticos ou distribuído em itens ou índices para uma melhor organização das informações.
Do mesmo modo que a notícia no texto jornalístico, o folder deve ter título, e pode ter subtítulos e intertítulos de modo que se crie uma hierarquia e graus de importância das informações.

Aspecto formal
Dobraduras. O folder pode ter uma dobra ou tantas quantas o suporte o permita, respeitando as características do projeto gráfico e da legibilidade. O formato varia também de acordo com a criatividade do programador gráfico, tendo-se em conta sua funcionalidade.

As dobras podem ser feitas em seções regulares ou irregulares, dando movimento e dinamismo ao folder. Podem ser de vários formatos, com cortes que possibilitem a apresentação de ilustrações de formas complementares.
Uma dobra gera quatro seções; duas dobras podem gerar seis ou oito seções, de acordo com o sentido aplicado.

Para garantir a dinâmica da leitura, a elaboração do folder exige planejamento. O direcionamento da leitura indicado pela abertura das dobras deve guiar o leitor para a visualização de todas as seções com fluidez e lógica.

Aspecto gráfico
Mais amplo que o cartaz e mais restrito que o folheto, o folder constitui-se numa peça que deve buscar no aspecto gráfico um forte fator de atração, associado à facilidade de leitura do texto.
Além do aspecto informacional, o folder pode ser visto como uma peça publicitária cujo objetivo é seduzir o público com sua mensagem. As ilustrações, cores e texturas devem ser consideradas como elementos essenciais a uma boa resolução gráfica.

Utilização de capa
O folder, assim como o folheto, o livro e a revista, possui uma primeira página considerada como capa. Na parte frontal do folder deve figurar o título, de preferência associado a um elemento gráfico. Em geral, a seção contígua à capa serve como última página, onde figuram o expediente, os patrocínios e apoios.

Expediente
Como qualquer publicação, o folder deve ter um expediente o mais completo possível, com dados sobre a organização do evento, local e data, além da autoria da produção gráfica.